Ricardo Tarré Gomes
A viagem pelos anos 90 está a chegar ao fim mas ainda há tempo para abrir por uma derradeira vez o baú de recordações. Esta última edição é uma espécie de balanço final sobre as memórias mais vivas que a minha segunda década de existência me deixou em relação a filmes, séries, música e videojogos e também para lançar um breve olhar sobre outros títulos que ficaram à porta da rubrica, nomeadamente por motivos de tempo e espaço. Tal como sucedeu com o 80’s Bits, o Total 90s nunca teve a presunção de se considerar uma lista de “melhores da década” mas sim um espaço de memórias do que, por uma ou outra razão, me foi mais marcante.
Neste mês: a suspeita pergunta sobre quem é Keyzer Söze; uma série de amigos a viverem na cidade que nunca dorme; um festival a duas cores que descambou em violência e um jogo de futebol rápido e furioso.
Neste mês: tudo o que “o bacano” queria era o seu tapete de volta; uma série juvenil salva pelo gongo; uma canção sobre a Laura que não está e cavaleiros da távola redonda de partida à aventura.
Neste mês: um homem sem rosto que ganhou o gosto pelos filmes de ação; uma série imortal de perder a cabeça; uma banda que chegou e quis partir tudo e uma corrida de karts para personagens que batem bem.
Neste mês: um resgate pleno de realismo e liberdade criativa; um salvamento fora de série e em câmara lenta; uma banda que viu o sinal de tudo o que a música queria e um ringue de combate para figuras mitológicas.
Neste mês: uma dupla fraterna especialista em comédias de sucesso com “doidos” no nome; uma pequena cidade em que sacanas continuam a matar o Kenny; uma banda que viveu sempre no limite e que se agarrou ao rock e o desporto-rei servido com um toque de “cacau” e “frango”.
Neste mês: uma última caminhada que dura mais de três horas; uma enciclopédia da qual afinal havia necessidade; uma banda que viaja sem se mover e o homem-morcego com pressa para se despachar.
Neste mês: a verdade e nada menos que a verdade; uma terriola onde todos têm algo a esconder; uma rivalidade entre irmãs e missionários e um agente que é uma cobra solidamente furtiva.
Neste mês: a beleza de um saco de plástico a esvoaçar; um senhor feijão que pouco fala mas muito faz rir; uma canção com um refrão que é um murmúrio e uns carrinhos a acelerar pela mesa da cozinha.
Neste mês: uma matilha de dedo no gatilho; uma série de correr em direcção ao sofá; uma coboiada contra a corrente e um extraterrestre que já vimos em algum lado.